Vinil Rita Lee - Fruto Proibido (LP Rosa)
O “Fruto Proibido” de Rita Lee: obra-prima que marcou para sempre o rock.
Clássico de 1975, que conquistou ovelhas negras de todas as tribos, é relançado em vinil rosa
Por Guilherme Samora*
“Dance, dance, dance/ Gaste um tempo comigo/ Não, não tenha juízo/ Dê-se ao luxo de estar sendo fútil agora”. É assim que Rita Lee convida a gente para experimentar seu “Fruto Proibido”, que ganha edição especial pela Universal Music. A reedição tem vinil rosa e toda a arte original, com direito a capa dupla e tudo. O disco, que chegou às lojas em abril de 1975, traz Rita e seu grupo de apoio, o Tutti Frutti, fazendo o “Roquenrou” como bem queriam.
Rita fez a direção musical do LP em uma casa à beira da represa de Ibiúna. O inglês Andy Mills, ex-técnico de som de Alice Cooper, também morava com eles e pilotou a produção do disco. A gravação foi no estúdio Eldorado, no centro de São Paulo. O resultado é um ousadíssimo, cheio de temas femininos. Um claro recado à turma que repetia para ela que “para fazer rock tem que ter ‘culhão’”. Tiveram que engolir o preconceito e curvar-se àquele LP de capa rosa. Como cantava Rita logo na segunda faixa: “Agora só falta você”.
Boa parte do rock Brasil, na época, apontava para o progressivo. Rita, livre que sempre foi, flertava com o glam, com o classic rock, com o blues, com as guitarras, com os violões acústicos e com o minimoog. Inclusive, o sintetizador ganha lugar de destaque na foto da capa, com a ruiva bela e esvoaçante na sala de jantar da casa dos pais, na Vila Mariana.
Rita assina todas as composições. Metade delas, sozinha. E, pela primeira vez, músicas da roqueira em parceria com Paulo Coelho foram gravadas: “Cartão Postal”, “O Toque” e “Esse tal de Roque Enrow”. A qualidade das composições e da gravação do disco, o brilho da voz de Rita e a rebeldia irreverente da roqueira maior, conseguiram a proeza de colocar o underground e a rebeldia na lista dos mais vendidos.
E é em “Luz del Fuego”, a penúltima faixa do disco, que Rita se apresenta e brinca com o que pensam sobre ela. “Eu hoje represento a loucura/ Mais o que você quiser/ Tudo que você vê sair da boca/ De uma grande mulher/ Porém, louca!”.
A rebeldia da estrela dos cabelos vermelhos termina o disco da maneira mais impactante possível, com “Ovelha Negra”. O maior hino aos diferentes é também o maior hit do disco. A influência de Rita, a partir dali, virou tema recorrente entre os censores da ditadura militar no Brasil, que iniciaram uma marcação ainda mais cerrada em cima dela. Pelo público, ela foi abraçada. E tornou-se a padroeira das ovelhas negras, a maior estrela do rock brasileiro de todos os tempos.
*Guilherme Samora é jornalista, editor e estudioso do legado cultural de Rita Lee
Repertório do LP:
1. Dançar Pra Não Dançar
2. Agora Só Falta Você
3. Cartão Postal
4. Fruto Proibido
5. Esse Tal De Roque Enrow
Lado B:
6. O Toque
7. Pirataria
8. Luz Del Fuego
9. Ovelha Negra