Vinil Rita Lee - Flerte Fatal - Importado
“Flerte Fatal”: Rita e Roberto fazem festa e desfilam hits em disco relançado em vinil
Álbum de 1987, que traz delícias do casal como “Pega Rapaz” e “Bwana”, chega em LP laranja
Por Guilherme Samora*
“Viva Brazix, do jeito que tá/ Pau-com-pedra pernas pro ar/ Dúvidas, dívidas ao Deus dará/ Darks ditaduras”. É com “Brasix Muamba”, esse petardo roqueiro sobre a falta de esperança com o país, que Rita e Roberto abrem “Flerte Fatal”. O disco de 1987, que inaugurou o contrato da dupla com a EMI, é relançado em vinil cor de laranja pela Universal Music.
Depois do genial dark-deprê-cinematográfico Rita e Roberto (1985), o casal queria festa. E, mesmo com o peso da faixa de abertura, eles desfilaram delícias pop/rock pra ninguém botar defeito. “Flerte Fatal”, a música título, mostra logo a que veio com versos sacanas e refrão em ritmo orgástico e com um jogo de palavras que só Rita poderia criar.
“Bwana” se tornou um dos maiores hits do álbum. “Adeus sarjeta/ Bwana me salvou/ Não quero gorjeta/ faço tudo por amor”. Clássico instantâneo. Por falar em vocais, Rita desfila no LP um de seus grandes registros na carreira. Brinca com agudos, médios e graves, com aquela voz que ninguém consegue emular.
Além de produtor do disco, Roberto faz vocais, toca guitarra e teclados. Entre os músicos, Moogie Canazio, engenheiro de gravação, é responsável pela bateria eletrônica em duas faixas; Lee Marcucci está no baixo e Athos Costa na bateria.
O LP traz também a gravação de Rita para “Me Recuso”, que ela havia composto para Gal, em 1977. O lado A fecha com uma homenagem de Rita para Mary, sua irmã mais velha, com versão emocionante para a canção favorita dela, “Blue Moon”.
“Pega Rapaz” foi escolhida para abrir o lado B. Uma das composições mais geniais de R&R, desde o início era a aposta como o maior hit do disco. E foi o que aconteceu. A faixa traz Roberto nos teclados, acordeon e guitarra (com aquele solo incrível!). Numa época pré-internet, a canção vazou (como se diz hoje quando uma música é tornada pública antes da hora) através de uma rádio. A TV Globo correu para fazer um videoclipe no Fantástico, com a participação especial de estrelas como Tonia Carrero e Raul Cortez. E, claro, virou trilha sonora de novela (Brega & Chique, 1987).
Rita e Roberto decidiram botar o pé na estrada com a Tour 87/ 88, tocando em estádios e ginásios de capitais de todo o Brasil, além de EUA, Portugal e França. “Flerte Fatal” chegou a meados de 1988 com mais de meio milhão de discos vendidos.
Seguindo o lado B, “Músico Problema”, “Para com Isso” e “Picola Marina”. “Xuxuzinho”, inspirada em Xuxa, fecha o LP. A faixa tem uma abertura impagável: uma reza de Gungun – personagem de Rita – pedindo a papai do céu um namorado.
Trinta e seis anos depois, o relançamento de “Flerte Fatal” joga luz em uma das grandes parcerias de Rita e Roberto. Descubra (ou redescubra) sem moderação. Volúpia!
*Guilherme Samora é jornalista, editor e estudioso do legado cultural de Rita Lee
Repertório do LP:
Lado A:
1.Brazix Muamba
2.Flerte Fatal
3.Bwana
4.Me Recuso
5.Blue Moon
Lado B:
1.Pega Rapaz
2.Musico Problema
3.Para Com Isso
4.Picola Marina
5.Xuxuzinho